Na maioria das vezes, quando adultos e filhotes são expostos a substâncias tóxicas, as principais diferenças estão relacionadas ao estágio de desenvolvimento em que se encontram. Os adultos já passaram pelo desenvolvimento de seus órgãos e características físicas, enquanto os filhotes ainda estão em processo de crescimento e formação. Essas diferenças podem ter um grande impacto na forma como o corpo do animal absorve, distribui, processa e elimina a substância tóxica.
Os filhotinhos podem se intoxicar diretamente, a partir da ingestão, pelo contato com a pele e mucosas, inalação ou contato com os olhos do agente tóxico, ou indiretamente, por meio do leite materno contendo substâncias tóxicas.
Gatos e cães pediátricos
Neste texto, vamos falar sobre filhotinhos de cães e gatos, especialmente durante as primeiras 12 semanas de vida. Quando dizemos "pediátrico" em veterinária, estamos nos referindo a esse período inicial, quando os filhotes estão crescendo muito rápido e são mais suscetíveis a ficarem doentes devido a algum contato com um agente tóxico! Como os corpinhos (circulação sanguínea, o fígado, o sistema nervoso, etc) desses filhotes ainda estão em formação, pequenas quantidades de substâncias tóxicas podem ser mais perigosas do que em adultos.
Intoxicações
Sabendo que os filhotinhos são super ativos e adoram explorar tudo ao redor, é importante ficar atento porque eles podem acabar se intoxicando por acidente. Eles passam o dia todo brincando, correndo, dando patadas e mordendo tudo que encontram pela frente. Por isso, fizemos uma lista de coisas que podem deixá-los doentes se eles comerem ou entrarem em contato.
Raticidas
Veneno para ratos (também conhecidos como rodenticidas), são muito perigosos e de fácil acesso, tornando as intoxicações comuns. Alguns desses venenos, como o "chumbinho", são ilegais e ainda mais perigosos. Ocorrem principalmente em cachorros, não importando a idade. Se um filhote entrar em contato com esse veneno, ele pode ficar sem apetite, fraco, tossir, ter sangramento no nariz e ter dificuldade para respirar. É uma intoxicação muito grave e precisa de cuidado veterinário imediato!
Chocolate
O chocolate é uma das principais causas de intoxicação em cães e gatos filhotes porque eles adoram mastigar e comer tudo que encontram pela frente. O que torna o chocolate perigoso são substâncias chamadas metilxantinas, que estimulam o sistema nervoso. A cafeína além do chocolate, é um outro exemplo de metilxantina, por isso bebemos café para ficarmos acordados! Especialmente em cães, devido ao sabor doce, muito atrativo para eles, a ocorrência desse tipo de intoxicação é maior que em gatos.
Segundo o Animal Poison Control Center (ou seja, o centro de controle de intoxicações) dos Estados Unidos (APCC), menos de 60 gramas de chocolate ao leite por quilo do animal já pode ser fatal para os cães. Os sintomas aparecem entre 6 a 12 horas após comerem o chocolate.
No começo, você pode notar que o animal está bebendo mais água, vomitando, com diarreia e inquieto. Com o tempo, ele pode ficar agitado, tremendo, tendo dificuldade para respirar, urinar mais frequentemente e até ter convulsões, febre alta e entrar em coma. Dependendo da quantidade de chocolate ingerido, pode ser fatal!
Além disso, o alto teor de gordura no chocolate pode causar problemas graves no pâncreas do filhote. Por isso, é importante manter o chocolate longe do alcance dos animais de estimação! Deve-se ter atenção especialmente em datas, como a páscoa, quando há muito maior possibilidade do animal encontrar esse alimento!
Anti-inflamatórios
Os anti-inflamatórios como a Aspirina, Tylenol e Advil, que encontramos em farmácias formulados para uso em humanos, podem causar intoxicação em cães e gatos filhotinhos, e, também, dependendo da quantidade, em animais adultos. Como os filhotes ainda estão em desenvolvimento, eles têm mais dificuldade em se livrar desses medicamentos do corpo, o que os torna mais perigosos. Mas com os gatos, , pois eles não têm algumas enzimas necessárias para processar e eliminar esses remédios, mesmo quando são adultos, o que os torna ainda mais perigosos para os felinos do que para os cachorros.
Os sintomas mais comuns de intoxicação incluem problemas no estômago, como vômitos, diarreia, fezes com sangue, perda de apetite e tristeza, além de um aumento na ingestão de água e frequência em urinar e dificuldade para respirar. Se você notar algum desses sintomas em seu animal de estimação, é importante procurar ajuda veterinária imediatamente!
Produtos antipulgas (pipetas, pastilhas e coleiras)
Quando falamos de filhotinhos de gatos, precisamos ter um cuidado especial com produtos antipulgas. Em uma certa idade, é muito importante controlar as pulgas em cães e gatos, pois esses insetos afetam o bem-estar dos animais e até transmitem doenças para eles!
Esses produtos são feitos para matar as pulgas, então é crucial prestar atenção. Embora seja raro, os adultos também podem ficar intoxicados por esses produtos. A maioria das intoxicações ocorre por causa de produtos que contêm piretrina e piretróides, que são tipos de inseticidas.
Os gatos são mais sensíveis a esses produtos do que os cachorros, além de que os produtos para cães têm uma concentração maior de antipulgas do que os produtos para gatos. Por isso, nunca deve ser usado em felinos esses produtos antipulgas produzidos para cães.
Deve-se prestar muita atenção na espécie indicada, peso do animal e na idade recomendada pelo fabricante do produto e só usar quando o animal atingir essa idade!
Plantas tóxicas
Algumas plantas têm uma substância chamada oxalato de cálcio que é tóxica para adultos e filhotes. Se um animal comer ou mastigar essas plantas, pode ter irritação na boca e nos olhos, coceira, dificuldade para engolir, sensação de algo preso na garganta e, nos casos mais sérios, dificuldade para respirar.
Algumas plantas que contêm essa substância são: comigo-ninguém-pode, caládio, filodendro, jibóia, lírio-da-paz, begônia e espada-de-São-Jorge. Se você quiser saber mais sobre plantas tóxicas, pode conferir nossa Galeria de Plantas!
Caso suspeite que seu animal esteja intoxicado, procure um Médico Veterinário imediatamente!
Referências
PETERSON, Michael E.. Toxicologic Considerations in the Pediatric Patient. In: PETERSON, Michael E.; TALCOTT, Patricia A.. Small Animal Toxicology. 3. ed. Saunders, 2013. Cap. 18. p. 215-222.
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