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  • Foto do escritorAna Karoline Martins de Lima

Como identificar e o que fazer se suspeito que meu pet esteja intoxicado?


Como pais preocupados, os responsáveis por cães e gatos tomam uma série de cuidados diários para que seus pets tenham a melhor qualidade de vida possível, de modo a lhes oferecer o máximo de saúde e bem-estar. Mas, ainda assim, acidentes podem acontecer, seja pela curiosidade do pet, pelo desconhecimento ou falta de atenção momentânea do responsável e até por motivos que fogem de tais situações. Dentre esses acidentes estão as intoxicações, causas frequentes na busca de atendimento médico veterinário de urgência.

As intoxicações podem apresentar diversas causas, por exemplo as picadas de animais peçonhentos, a ingestão de produtos de limpeza, alimentos ou plantas tóxicas, o uso de remédios inadequados para a espécie etc. Os sinais da intoxicação (ou sintomatologia), de maneira geral, não são característicos e indicativos de que tenha sido de intoxicação, inclusive, na grande maioria das vezes, são confundidos com outras causas, como, por exemplo, doenças infecciosas. Além disso, considerando-se intoxicações, a sintomatologia irá depender da causa (ou seja, do agente tóxico), quantidade e da via de exposição a qual esse animal foi submetido, sendo que pode haver injúrias na pele e/ou nos olhos, assim como inalação ou ingestão de agentes intoxicantes. De modo geral, os sinais mais comuns de intoxicação por ingestão são vômitos, diarreia, dor abdominal, apatia e salivação excessiva, também pode ser observada a dilatação de pupila, o aumento dos batimentos cardíacos, tremores e convulsões.

Geralmente, a evolução do quadro clínico acontece de forma rápida - o animal que estava bem, subitamente fica ruim - nesse momento é indicado que o responsável mantenha o animal aquecido e em lugar tranquilo, evitando qualquer fator estressante, como por exemplo, barulhos - se necessário mantê-lo isolado de outras pessoas e animais. Caso o quadro seja grave, é recomendado o encaminhamento imediato para clínica veterinária mais próxima, no entanto, se for observada uma sintomatologia branda, o atendimento inicial, com instruções de procedimentos no domicílio para o responsável, e, posteriormente, o atendimento pelo profissional no consultório de confiança. É importantíssimo que se mantenha a calma e que o(s) responsável(eis) possa fornecer ao médico veterinário informações que facilitem o diagnóstico, não apenas para proteger o animal, mas também as pessoas que estiveram em contato com ele, principalmente crianças – se houver outros animais no local, é necessário que se observe se outros animais, mesmo que ainda não apresentando a sintomatologia, poderiam ter tido acesso ao agente tóxico.

Uma vez em contato com o médico veterinário, é importante esclarecer tudo o que aconteceu desde o momento em que o animal passou a apresentar a sintomatologia até o momento presente, além de relatar a possibilidade de intoxicação ou não. Caso essa suspeita exista, será de grande valia para o profissional que estiver atendendo saber se o animal entrou em contato com agente tóxico e qual era o produto envolvido. Será muito útil se alguém puder enviar uma foto da embalagem de produto de limpeza, planta, animal peçonhento ou daquilo que há suspeita de que possa ter causado a intoxicação. Outras informações relativas à maneira pela qual o animal foi exposto, por exemplo, se foi ingestão, inalação ou contato com a pele serão extremamente úteis para o profissional tratar o animal de maneira eficaz e ágil, poupando um tempo valioso na tentativa de descoberta do agente envolvido, já que em muitas situações, como dito, é necessário agir rapidamente, evitando o agravamento do quadro.


Em quadros mais brandos, o médico veterinário poderá ainda instruir o responsável sobre algumas medidas que poderão melhorar as condições clínicas do animal intoxicado até que seja possível sua avaliação clínica. De modo geral as instruções envolvem a via de exposição a que o animal foi exposto, sendo elas:


  • Via tópica: Caso a intoxicação tenha ocorrido na pele, geralmente o responsável pode ser instruído a lavar a pele do animal com água corrente em abundância, preferencialmente com água fria ou morna, jamais com água quente. Dependendo do caso é indicado o uso do sabão neutro (infantil, glicerinado, detergente doméstico), tomando o cuidado para não esfregar ou massagear a área, pois isso aumentará a absorção do agente tóxico devido o estímulo da circulação sanguínea, a mesma precaução vale para água quente. É importante que a pessoa que está realizando esse procedimento esteja protegida com vestimenta adequada, como luvas, aventais e botas, evitando, assim, que indiretamente possa também entrar em contato com o agente tóxico.

  • Via oral: Caso a intoxicação tenha ocorrido por ingestão, é indicada a avaliação veterinária o mais breve possível, sendo contraindicada a aplicação de remédios ou a realização de procedimentos que induzam o vômito. Ainda antes do atendimento presencial do veterinário, indica-se permitir o acesso do animal à água, para diluir o agente tóxico, ou à critério do profissional- a instrução de oferecer algum protetor de mucosa, como a gelatina, ou carvão ativado para adsorver as toxinas.

  • Via inalatória: o procedimento fundamental é o de retirar imediatamente o animal (bem como pessoas e outros animais) acometido no qual provavelmente houve a exposição ao agente tóxico.


Vale reiterar que não é indicado, em nenhuma forma de intoxicação, a administração de medicamentos, por via oral, sem a devida indicação de um médico veterinário, pois caso o animal esteja deprimido ou inconsciente pode haver aspiração dessas substâncias, levando a danos respiratórios no animal, podendo acarretar em asfixia e morte. De qualquer forma, tais medidas são paliativas e o animal deve ser encaminhado para um profissional o mais rápido possível.

Portanto, ao perceber que seu animal passou a apresentar os sintomas citados após o contato com agente químico, alimento, animais peçonhentos ou plantas, é indicado que seja levado imediatamente ao veterinário em casos graves e, em casos brandos, é possível primeiramente contatar o veterinário por telefone, para que ele possa orientar, da melhor maneira possível, os procedimentos e auxílio correto que possa ser realizado. É importante coletar as informações citadas, frente a um quadro de suspeita de intoxicação, de modo a direcionar e agilizar a ação veterinária, em uma situação em que o tempo é crítico.


Escrito por Ana Karoline Martins de Lima


BIBLIOGRAFIA: SPINOSA, Helenice de Souza e GÓRNIAK, Silvana Lima e PALERMO-NETO, João. Toxicologia aplicada à medicina veterinária. . Barueri: Manole. . Acesso em: 19 out. 2022. , 2008


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